O primeiro dia de congresso foi marcado pelo momento sócio-econômico que estamos vivendo em nosso pais e principalmente em nosso estado, devido a remoções que ocorreram na comunidade da Mangueira e a um movimento estudantil da UERJ (primeiro local do evento) não tivemos a abertura como planejada e ficamos com a mensagem do momento no ar para que cada um refletisse.
O segundo dia de congresso teve a manhã de trabalhos dentro da normalidade, porém na parte da tarde novamente as questões dos arredores voltaram a interromper as atividades, e novamente a pergunta se fez presente: essas questões são somente dos arredores, ou cada um de nós temos implicação?
Na parte da manhã participei de algumas mesas e compartilho aqui o que pude perceber e pensar a respeito de tais mesas.
De 9h-11h:
A primeira mesa que entrei tinha como tema livre Pedofilia – Diagnóstico – tratamento – uma teoria, foi ministrada pelo terapeuta Bruno Fróis dos Reis, que sugeriu dois filmes (Quem somos nós e A era dos Anjos). Bruno trouxe a tona as possibilidades de atendimento a um cliente pedófilo e segundo suas colocações seu trabalho se deu a partir de chamar esse paciente/cliente a considerar o “objeto desejado”, que segundo o próprio terapeuta, ele não estava levando em consideração, trabalhando também a percepção desse cliente com o feminino, com o seu feminino interno, fazendo esse contato interno ele teria ferramentas para se conectar com o feminino do outro. O tema obviamente é carregado de emoções e traz também consigo os limites do terapeuta em lidar com esse cliente, se faz imprescindível a cada terapeuta fazer contato com seus limites para saber se é possível atender a cada caso visando sempre o crescimento do cliente e caso não seja possível a ética deve sempre imperar.
O segundo tema livre foi com a terapeuta Lilian Meyer Frazão, e o assunto foi Contato, ética e violência. Sua fala não pode deixar de tocar nos eventos vividos no dia anterior, e mais uma vez fomos convidados a pensar em nossos lugares nessa engrenagem social. Frazão trouxe a tona a questão da plasticidade da fronteira de contato, e a forma como o estado constante de alerta frente a violência faz com que entremos em uma rigidez dessa fronteira, gerando um ciclo vicioso que interrompe o ciclo de contato trazendo toxidade as relações do EU-NO-MUNDO.
“… o cód. de ética não pode regular nosso SER-NO-MUNDO, pode no máximo regular nosso ESTAR-NO-MUNDO…”
De 11h – 13h
Mesa redonda: Desdobramento da evolução tecnológica: como este processo nos afeta.
A primeira fala foi de Rosana Zanella, que trouxe a discussão A influência tecnológica nas relações familiares, que desenhou uma evolução da tecnologia dentro dos lares desde o rádio até os dias atuais, mas também contemplou a possibilidade de expansão das fronteiras com essa mesma tecnologia.
A segunda fala da mesa foi de Lilyan Meyer Frazão, com o subtema Virtual e presencial: relações, afetos e contato através da internet. Sua fala nos convidou a pensar na qualidade de contato no ambiente virtual, nos alertou que para se ter awareness é imprescindível ter contato, sua provocação girou sobre o tempo que empregamos as relações “reais”, que anda cada vez mais reduzido, e a possibilidade de estarmos “conectados” virtualmente a um campo idealizado que compromete e até empobrece a qualidade de contato. O calor proporcionado pelo estar junto fica ausente, ou pelo menos comprometido no campo virtual.
O terceiro a falar nessa mesa infelizmente não estava presente.
E devido ao já explanado anteriormente assim se fechou o segundo dia de trabalho, o que estaria previsto para acontecer na parte da tarde foi transferido para manhã de domingo.